Começo, meio e começo
Como de fizemos noutra vez, hoje vamos resgatar materiais e notícias veiculados por ocasião do último 20 de Novembro.
Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra
Já que falamos da data, começamos sinalizando que a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que torna o Dia da Consciência Negra feriado nacional. O texto, que já havia sido aprovado pelo Senado, segue para a sanção presidencial.
Veja ainda: Dandara dos Palmares: uma proposta para introduzir uma heroína negra no ambiente escolar
Aliás, Dandara também não deveria ser lembrada no título da data?
Lei nº10.639
Seguimos com a entrevista realizada pela Agência Pública com Petronilha Gonçalves, relatora da Lei nº 10.639 e primeira mulher negra no CNE. Para ler, só clicar aqui.
Publicação que tem tudo a ver com essa lei é “Agó Yagó Oluko: teorias e metodologias motivacionais para o ensino da História africana e afro-brasileira”. Trata-se de uma cartilha fruto do projeto de pesquisa coordenado por Nila Michele Bastos Santos, professora de História do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Campus Pedreiras.
O material apresenta metodologias e estratégias pedagógicas voltadas para a educação básica, a partir de uma perspectiva comprometida com questões étnico-raciais. O nome da cartilha vem do Yorubá e significa "por favor, dá-me licença, professor". Para baixar a obra, basta clicar na imagem abaixo.
Nessa mesma direção, vale muito, mas muito mesmo, ouvir o episódio do podcast Guilhotina com a historiadora Valéria Costa (Universidade Federal de Pernambuco), uma das organizadoras do livro Mulheres Afro-atlânticas e Ensino de História”. Entre outros temas, ela fala sobre como as mulheres negras são representadas nos livros de História e a aplicação indevida da Lei nº10.639.
Valéria Costa lembra que tal lei deveria perpassar todas as áreas do conhecimento - e não apenas as ciências Humanas e Sociais -, afinal, trata de uma discussão, diz ela, que “remexe as estruturas epistemológicas”. Entre pesquisadores de outras áreas que apresentam um esforço de aplicar a Lei nº10.639, a professora cita Alan Alves-Brito (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Antonio Baruty Novaes ( Universidade Federal da Paraíba). Por esse motivo, destacamos artigos em que a dupla participa:
Histórias (in)invisíveis nas Ciências I. Cheikh Anta Diop: um corpo Negro na Física
Conquista de direitos, ensino de Ciências/Biologia e a prática da sangria entre os/as remetu-kemi e povos da região Congo/Angola: uma proposta de articulação para a sala de aula
Ensino de Biologia e o ta-meri (Antigo Egito): discutindo aspectos da saúde e da mumificação à luz da Lei n.o 10.639/2003 no Brasil
Outra dica é conferir artigos disponíveis na Revista Abatirá que, em dossiê duplo, batizado "Educação para a Diferença", reúne estudos sobre a questão étnico-racial a partir de diferentes prismas.
Mais uma participação Valéria Costa no podcast Guilhotina pode ser ouvida aqui: #160: Mulheres e homens libertos no Brasil no século XIX, baseado em livro “Òmínira: mulheres e homens libertos da Costa d’África no Recife”, de sua autoria.
No momento final de sua fala, a professora menciona intelectuais e militantes sociais que contribuíram para a existência do livro, são elas: Solange Pereira da Rocha
População Quilombola
Na sequência passamos, infelizmente, pela reportagem que versa sobre o aumento vertiginoso de assassinatos de quilombolas no governo passado.
Quem também falou sobre a população quilombola foi Mano Brown que, junto de Semayat Oliveira, recebeu Silvio Almeida (ministro dos Direitos Humanos), Selma Dealdina (ativista quilombola) e Jurandy Pacífico (filho de Mãe Bernardete).
Veja ainda:
Igualdade racial: Lula lança ações e cinco quilombos são titulados
Doutores Racionais MC’s
Por falar em Mano Brown, o Conselho Universitário aprovou, em 28/11, o título de Doutor Honoris Causa para ele, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay. A distinção reconhece os quatro integrantes dos Racionais “como intelectuais públicos que dialogam com o pensamento social brasileiro. A honraria também ressalta sua atuação política no combate ao racismo e às violências sociais existentes no país, destacando a crítica social incluída em sua produção” (Fonte: Unicamp).
Abaixo, deixamos o vídeo da aula aberta realizada pelo grupo na Unicamp, em 2022, como parte da disciplina "Tópicos Especiais em Antropologia IV: Racionais MC’s no Pensamento Social Brasileiro"
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Hip Hop
Ainda sobre o tema, vale destacar que o presidente Lula assinou Decreto de Valorização e Fomento à Cultura Hip-Hop no país.
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A população negra no mercado de trabalho
Mais uma recomendação é conferir dois materiais divulgados pelo DIEESE em virtude do Dia da Consciência Negra. Um deles é o boletim “As dificuldades da população negra no mercado de trabalho”. O outro é o “Infográfico Brasil e regiões 2023: a inserção da população negra no mercado de trabalho” .
Veja também:
Tarefas domésticas e cuidado de pessoas afastam jovens negras do mercado de trabalho
Glossário: Educação, mercado de trabalho e desigualdade racial
Como não poderia deixar de ser, saudamos Antônio Nego Bispo, nascido em um 10 de dezembro como hoje. Agora, ele segue vivo através de suas palavras germinantes.
Antonio Bispo dos Santos, USP – Enciclopédia de Antropologia
Das palavras que germinam e desatam o colonialismo – Revista Cult
Obrigado pela atenção e até a próxima!
Créditos
Equipe: Ana Clara Liberato Costa; Cailaine Vitória Paraguai dos Santos; Weder Ferreira e Higor Mozart
Financiamento: Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais | Projetos de Ensino - Ações Afirmativas - Edital Nº 28/2022.
Coordenação: Higor Mozart e Weder Ferreira